ENTRE SOMBRAS
Estamos vivendo
momentos sombrios em relação às políticas públicas, principalmente em relação à Educação. A onda de
conservadorismo impera no Reino dos Homens com a benção do “deus” Mercado. Cada
vez se torna mais necessário construir alternativas em nosso meio para que não
nos tornemos reféns de um sistema que engessa, através da padronização, as
experiências locais de educação pública. A construção de alternativas passa
por dois processos fundamentais: não ficar alheios aos embates (nem assumir uma
posição de neutralidade) que estão sendo travados a nível nacional e regional;
e, criar uma rede de debates, fóruns, reflexões entre os diversos interventores
sociais pertencentes às comunidades escolares e à sociedade em geral.
O Congresso Nacional,
de tendência cada vez mais conservadora, apoiado por um governo fisiológico e
clientelista, cujas políticas são voltadas apenas para o interesse da classe
dominante e por uma mídia que dita as políticas a serem implementadas que são
voltadas apenas para os interesses internacionais, vem reduzindo de uma forma
trágica, os diversos ganhos das classes populares em relação às conquistas
sociais, e em especial, as da área de educação, sendo, - pasmem - apresentadas como privilégios
referindo-se a um setor e a uma categoria profissional, como a dos professores.
O limite dos investimentos sociais, principalmente Educação e Saúde, a perda da
autonomia do pré-sal da Petrobrás, que garantia 75% de investimento em
Educação, retirando a possibilidade de o Brasil atingir a meta do Plano
Nacional de Educação do investimento de 10% PIB e agora a proposta unilateral,
sem nenhum debate e de forma impositiva, de uma reforma do Ensino Médio que
muda o caráter e a essência da Educação Básica.
Essas medidas vão provocar posturas novas em
relação à intervenção nas redes públicas de ensino nos municípios e deverão
produzir uma reação de governos progressistas que, através de práticas
participativas, estimulam a autonomia das escolas e o processo de construção
coletiva de intervenção política nas áreas sociais. Os investimentos no salário
e na formação dos profissionais da educação vão ser cada vez mais difíceis,
pois são pautados pela mentalidade de um
mercado que vê a educação pública como gasto, despesa e nunca como investimento
social. E a redução dos custos são - como não poderia
deixar de ser - compreendidas como meta a serem reduzidas dentro da lógica do
capital.
A valorização dos diversos espaços de participação popular passa a ser uma estratégia de mudança de paradigmas, em uma
área em que a ideia de gestão empresarial passará a dominar cada vez mais. Onde
o conceito de empreendedorismo vem para se opor ao do processo participativo e
democrático, onde a meritocracia ganhará corpo nas relações cada vez mais desiguais
e injustas. Onde ser solidário é um valor apenas pessoal e
nunca social. Onde o sucesso é a conquista de uma minoria competente em
contraposição da incompetência da maioria (pobres).
As sombras estão
expostas, as imagens estão em movimento, as cavernas estão sendo habitadas,
mas, que, oxalá, as correntes continuem sendo quebradas _ apesar de tudo o que
estamos vivendo - em prol de uma educação que liberta e que emancipa.
Gilberto Simplício Professor – Graduado
em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense Assessor do Movimento Fé e Política da Região de Três
Rios.