domingo, 9 de outubro de 2016

ENTRE SOMBRAS




ENTRE SOMBRAS


Estamos vivendo momentos sombrios em relação às políticas públicas, principalmente em relação à Educação. A onda de conservadorismo impera no Reino dos Homens com a benção do “deus” Mercado. Cada vez se torna mais necessário construir alternativas em nosso meio para que não nos tornemos reféns de um sistema que engessa, através da padronização, as experiências locais de educação pública. A construção de alternativas passa por dois processos fundamentais: não ficar alheios aos embates (nem assumir uma posição de neutralidade) que estão sendo travados a nível nacional e regional; e, criar uma rede de debates, fóruns, reflexões entre os diversos interventores sociais pertencentes às comunidades escolares e à sociedade em geral.
O Congresso Nacional, de tendência cada vez mais conservadora, apoiado por um governo fisiológico e clientelista, cujas políticas são voltadas apenas para o interesse da classe dominante e por uma mídia que dita as políticas a serem implementadas que são voltadas apenas para os interesses internacionais, vem reduzindo de uma forma trágica, os diversos ganhos das classes populares em relação às conquistas sociais, e em especial, as da área de educação, sendo, -  pasmem - apresentadas como privilégios referindo-se a um setor e a uma categoria profissional, como a dos professores. O limite dos investimentos sociais, principalmente Educação e Saúde, a perda da autonomia do pré-sal da Petrobrás, que garantia 75% de investimento em Educação, retirando a possibilidade de o Brasil atingir a meta do Plano Nacional de Educação do investimento de 10% PIB e agora a proposta unilateral, sem nenhum debate e de forma impositiva, de uma reforma do Ensino Médio que muda o caráter e a essência da Educação Básica.

Essas  medidas vão provocar posturas novas em relação à intervenção nas redes públicas de ensino nos municípios e deverão produzir uma reação de governos progressistas que, através de práticas participativas, estimulam a autonomia das escolas e o processo de construção coletiva de intervenção política nas áreas sociais. Os investimentos no salário e na formação dos profissionais da educação vão ser cada vez mais difíceis, pois são pautados pela mentalidade de um  mercado que vê a educação pública como gasto, despesa e nunca como investimento social. E a redução dos custos são - como não poderia deixar de ser - compreendidas como meta a serem reduzidas dentro da lógica do capital.
A valorização dos diversos espaços de participação popular passa a ser uma estratégia de mudança de paradigmas, em uma área em que a ideia de gestão empresarial passará a dominar cada vez mais. Onde o conceito de empreendedorismo vem para se opor ao do processo participativo e democrático, onde a meritocracia ganhará corpo nas relações cada vez mais desiguais e injustas. Onde  ser solidário é um valor apenas pessoal e nunca social. Onde o sucesso é a conquista de uma minoria competente em contraposição da incompetência da maioria (pobres).
As sombras estão expostas, as imagens estão em movimento, as cavernas estão sendo habitadas, mas, que, oxalá, as correntes continuem sendo quebradas _ apesar de tudo o que estamos vivendo - em prol de uma educação que liberta e que emancipa.


Gilberto Simplício Professor – Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense  Assessor do Movimento Fé e Política da Região de Três Rios.

A EDUCAÇÃO POPULAR E A DESCONSTRUÇÃO IDEOLÓGICA

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